sábado, 16 de fevereiro de 2019

Prefácio - Aurélio Fernandes

 O caso Mara Lúcia marcou no inconsciente coletivo da cidade de Bauru. O crime bárbaro é um exemplo da impunidade, daí o título: "Mara Lúcia - um crime sem prescrição", justamente para fazer uma antítese com a legislação penal que prevê prazo para encerrar uma investigação, sem chegar à autoria. 

O Brasil está entre os países com menor taxa de elucidação de homicídios, seja por falhas ou falta de investigações por parte da polícia. A média é de apenas 15% dos assassinatos são esclarecidos. Em países como França e Reino Unido o índice varia de 80% a 90%. Até a vizinha Argentina tem um porcentual mais alto: 45%. O índice mostra que, passados [quase] 50 anos, crime hediondo como de Mara Lúcia continua a gerar indignação e demonstrar que o país ainda precisa de melhor muito na área de segurança pública e na persecução penal.

O trabalho do casal Celso e Junko Sato Prado resgata um dos crimes mais cruéis, ocorrido em 1970, em plena vigência da ditadura civil-militar. Com base nos inquéritos policiais, atualmente arquivados pelo Poder Judiciário, em Jundiaí, o documento já com as folhas puídas e amareladas pelo tempo ajuda a registrar o que aconteceu naquele dia fatídico de 11 de novembro, quando a menina foi raptada e encontrada morta.

É um material historiográfico que descreve personagens e as idas e vindas de uma intrincada investigação. Tudo com base em fatos documentados, sem ilações, para um caso que continua um mistério.


Aurélio Alonso, jornalista